CBCS apresenta diagnóstico dos consumos de energia e água em escolas municipais de Florianópolis

O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) apresentou, no final de janeiro, o diagnóstico dos consumos de energia e de água em escolas municipais de Florianópolis para a Secretaria Municipal de Educação (SME). A iniciativa fez parte das ações realizadas pelo Programa Cidades Eficientes, promovido pelo CBCS com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), em parceria com a Prefeitura de Florianópolis em 2024, na quinta fase do programa. O resultado completo das ações será apresentado em fevereiro em evento ampliado aos gestores municipais. 

Em relação às edificações escolares, o custo total de eletricidade das 126 edificações desta tipologia foi de R$ 3,7 milhões em 2023, o equivalente a 49% do custo registrado pelas 250 edificações municipais cadastradas no mesmo período, que totalizou R$ 7,6 milhões. Em relação ao consumo de água, a tipologia escolar representa 55% do total do consumo das edificações municipais cadastradas. O custo de água foi de R$ 1,8 milhão em 2023 nas 107 edificações desta tipologia analisadas. 

Os dados são da Plataforma de Gestão de Consumo de Energia e de Água desenvolvida pelo CBCS e implementada pela Prefeitura de Florianópolis a partir de 2020, na segunda fase do Programa Cidades Eficientes. Com o cadastro das edificações municipais, categorizadas por tipologias e órgãos ou secretarias vinculadas, e as informações dos consumos individuais obtidos junto às concessionárias de energia e de água agora é possível monitorar o desempenho de todas as unidades cadastradas. 

Em 2024, na quinta fase do programa, o CBCS retomou a parceria com a Prefeitura de Florianópolis implementando novas funcionalidades na plataforma. Entre outras ações desenvolvidas foi realizada uma pesquisa junto às escolas municipais de Florianópolis para identificação de oportunidades de eficiência energética e redução do consumo de água em relação a equipamentos, estrutura, manutenção e hábitos dos cerca de 41 mil usuários das edificações, entre estudantes, servidores e colaboradores.

 

Marcelo Salles Olinger, Maria Andrea Triana, Carolina Griggs, Cibele Assmann, Sheila Comiran e Eduardo Gutierres


“Com essas informações é possível gerenciar os consumos, estabelecer metas de redução e verificar o impacto das medidas adotadas. A mudança de hábitos, a priorização da ventilação natural, o uso do ar condicionado somente quando necessário, com temperatura ao redor de 24 graus Celsius, e a substituição de equipamentos por modelos mais eficientes são algumas das medidas que podem proporcionar economias significativas”, explica a arquiteta Maria Andrea Triana, coordenadora técnica do programa Cidades Eficientes. A apresentação foi feita por ela, no dia 22 de janeiro, ao secretário adjunto da SME, Eduardo Savaris Gutierres. Participaram também do encontro a arquiteta Sheila Comiran, da SME, a arquiteta Cibele Assmann, gerente de inovação da Secretaria Municipal de Planejamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano, e o engenheiro civil Marcelo Salles Olinger, da mesma secretaria, e a pesquisadora Carolina Griggs, do CBCS. 

“Quando a gente encontra dados e consegue compreender a realidade da nossa rede relativamente ao consumo de energia, de água e o uso eficiente desses recursos, isso é muito importante. Nós temos uma rede que trabalha muito, conscientiza muito. Precisamos ser exemplo para os nossos estudantes que todos os dias chegam às nossas unidades. Temos que mostrar para eles que conseguimos fazer um uso consciente”, disse Eduardo Gutierres. O secretário adjunto afirmou que, a partir da análise dos dados, pretende estabelecer metas de redução de consumo para as unidades, e destacou o potencial de multiplicação das medidas de conscientização junto aos estudantes. “Quando temos a cidade educada com preocupação socioambiental, com uso consciente de energia e de água, nós temos  uma cidade muito mais eficiente para os próximos anos, que eu tenho certeza que é a meta da nossa cidade”, ressaltou Eduardo. 

Em Florianópolis, as ações do Programa Cidades Eficientes em 2024 envolveram, ainda, a atualização do Manual de Compras Eficientes e recomendações de política pública de incentivos de sustentabilidade para o setor comercial. O resultado completo das ações será apresentado aos gestores municipais em evento ampliado a ser realizado em fevereiro.

 

 

 

SOBRE O CIDADES EFICIENTES

Promovido pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS), o programa Cidades Eficientes desenvolve análises, estudos, ferramentas e sugere políticas públicas tais como a plataforma de gestão de consumo de energia e água, diretrizes para a elaboração de códigos de energia, recomendações para códigos de obras e guias de compras públicas que sejam mais sustentáveis para os municípios.

 As ações foram iniciadas em 2018, com a primeira fase, respondendo à demanda crescente do setor público para aumentar sua eficiência no uso dos recursos. Nas quatro fases já realizadas ao longo deste período, diversos municípios já foram atendidos, em diferentes iniciativas: Balneário Camboriú, Concórdia, Itá, Zortéa, em Santa Catarina, com workshops para capacitação de gestores sobre eficiência energética, Sorocaba (SP) e Jaboatão dos Guararapes (PE), na fase piloto do programa, e estruturação de elementos de governança e políticas públicas nas cidades de Florianópolis (SC) e Rio de Janeiro (RJ), ambas realizadas em parceria com as prefeituras municipais.

Em 2024, em sua quinta fase de operação, o Cidades Eficientes escalou nacionalmente estratégias para a governança na gestão do consumo de energia, água e gás pelas edificações públicas municipais, com a realização do Workshop Mais Eficiência, Menos Consumo – que resultou na implementação da plataforma de gestão das edificações públicas  pelas prefeituras de Palmas (TO), Rio do Sul (SC) e Teresina (PI); deu continuidade nas medidas iniciadas nas prefeituras de Florianópolis e do Rio de Janeiro, promoveu requisitos para compras de baixo carbono em edificações públicas, e divulgou os resultados alcançados na promoção da eficiência energética e conservação da água nas edificações. 

Entre as ações esteve a realização de pesquisas nas escolas municipais de Florianópolis, Palmas e Teresina, e a publicação de uma carta aos candidatos aos cargos de prefeito e de vereador das cidades brasileiras nas eleições de 2024 com propostas para a criação de cidades mais sustentáveis e eficientes. As recomendações abordam a gestão do consumo de energia e água em edificações públicas municipais, compras públicas eficientes e a etiquetagem de eficiência energética para edificações.